terça-feira, 29 de maio de 2007

O poeta

Lá vem dos aldeões o alegre bando
Descendo pelo outeiro;
Vêm rindo e vêm cantando
Depois de trabalhar um dia inteiro

Ditosos corações, ditosa gente.
Que inda de cabo contínua lida
Podeis cantar! e corre-vos a vida
Como ribeiro manso e transparente.

Cantai, ó corações, que o vosso canto
É para mim uma sagrada esmola;
Trás-me aos olhos o bálsamo do pranto,
Que é tudo o que hoje em dia me consola

Como esse canto é doce! É que em segredo
Do íntimo da alma vos deriva,
Como Veia tremente de água viva
Manando d'entre o musgo dum rochedo

Guerra Junqueiro

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