Ele e Ela

Hoje tive tanto medo. Um medo que não me pareceu normal. Um medo que já tenho vindo a ter, aliás.
Medo de perder tudo o que tenho, medo de deixar os meus familiares e amigos, medo de nunca mais poder sentir o qeu me chateia. E medo de nunca mais conseguir pensar.
Depois, pensei em Filosofia. Pensei naquelas aulas maravilhosas, naquela sensação de tempo. Acho que, finalmente, encontrei o significado de tempo. Uma aula de Filosofia. Até hoje, deve ser o tempo que eu aproveito melhor. Deve ser onde me sinto mais feliz, onde me sinto realmente viva.
Depois, pensei no que alguém me disse. Egocêntrica, adolescente não normal etc etc. Olhei à volta. Descobri metade do que devia ter descoberto (embora naquela altura achasse que tinha descoberto tudo). Depois, li um texto que esse alguém escreveu. E houve uma frase que nunca mais me irá sair da cabeça. Porque me descreve. Ou descreve o que eu sou, mas o que nunca tinha reparado. Descreve a minha diferença, o orgulho que tenho por mim. Se querem chamar a isso egocêntrismo, muito bem.
«Tinha passado muitos anos a olhar-me ao espelho e a odiar-me por não ser como a maioria das raparigas, mas esses anos de complexos tornaram-se passado quando me comecei a aperceber que elas não representavam propriamente aquilo que eu queria realmente ser.»
Exacto. Talvez esteja a fazer um esforço enorme para mudar, quando, afinal, a mudança vai afastar de mim os que gostam de mim assim. Porque houve alguém que me abriu os olhos e me fez chorar. Que me deu pontapés no coração. Que me chamou nomes sem querer chamar. Porque se sentiu arrependida depois de o fazer.

Mas, que no fundo, ele e ela sabiam que estavam a zelar pela minha felicidade.