sexta-feira, 25 de maio de 2007

O amor antigo

O amor antigo vive de si mesmo
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede.Nada Espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
E por estas, suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

Carlos Drummond de Andrade

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