sexta-feira, 25 de maio de 2007

A minha tragédia

Tenho ódio à luz e raiva à claridade
Do sol,alegre, quente, na subida.
Parece que a minh'alma é perseguida
Por um carrasco cheio de maldade

Ó minha vã, inutil mocidade,
trazes-me embriagada, entontecida!...
Duns beijos que me deste noutra vida,
Trago em meus lábios, roxos, a saudade!...

Eu não gosto do sol, eu tenho medo
Que me leiam nos olhos o segredo
De não amar ninguém, de ser assim!

Gosto da noite imensa, triste, preta,
Como esta estranha e doida borboleta
Que eu sinto sempre a voltejar em mim!...

Florbela Espanca

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