segunda-feira, 23 de julho de 2007

Piedade espelhada

Objectos crueis, os espelhos.
Olhamo-nos neles e estao sempre a mudar.
Dizem que e impossivel viver sem eles

Manchas, rugas, pancas, peitos caidos, nadegas tristes
o' castigo!! Deixa-me ir ao outro lado e partir tudo
Ou deixa-me simplesmente ver-te partir.

Depois, ha aqueles espelhos quase amigos
Aqueles que nos consolam quando estamos tristes
Aqueles a quem esvaziamos a alma e concordam connosco
Aqueles que, numa discussao com o nosso ego, elevam-nos a moral.

Mas depois, apunhalam-nos pelas costas.

Os espelhos loucos. Os que reflectem a loucura da vida.
Os que nunca nos mostram a realidade.

Espelhos de rua
Espelhos de a'gua
Espelhos de casas de decoracao
E todos os outros.

Aqueles que sao gente e que nos mostram exactamente como somos. Todos devolvem o nosso gesto, o nosso ar. Mas 'as vezes enganamo-nos e pensamos que somos o nosso reflexo.


Juizes impiedosos, os espelhos.


Laura F.

2 maneiras de ver a coisa:

Anónimo disse...

Bonito, realmente excelente. Ja pensaste em mandar os teus poemas para uma editora?

Beijinhos

Anónimo disse...

Gostei do que li. Fez-me lembrar um outro poema, de uma boa amiga (Catarina Vieira), agora re-escrito com outra roupagem e onde, certamente, foste buscar a inspiração.

Continua a escrever, sem parar.
O caminho faz-se caminhando.


"Existe mais poesia no olhar de quem ama de que em mil poemas que se escrevam, mas nem por isso devemos deixar de escrever mil poemas para mostrar ao mundo o que esse olhar dizia... "