Sonhos...

Estou num daqueles dias... Daqueles em que nos questionamos acerca de tudo sem chegar a nenhuma conclusão e nos desiludimos com a nossa própria frustação. Daqueles em que faz muito calor mas o frio nos gela o coração, daqueles em que as estrelas só brilham para fazer troça de nós e a lua brinca às encondidas connosco, ocultando-se nas nuvens para voltar a aparecer, mas não nos consegue animar.
Olho em volta e tento encontrar uma referência que me faça voltar ao mundo real e me faça parar de sonhar com tudo e com nada, com o impossível e com o inevitável, mas não é fácil. Quanto mais tento lutar contra aquilo que não quero sentir, mais forte isso se torna.
Por mais que tente a cada dia, não consigo disciplinar o meu coração e pergunto-me se alguma vez o conseguirei. E para quê travar uma batalha que, à partida, já está perdida...? Por medo de me magoar...
Encosto-me à janela do meu quarto e tento olhar para além do horizonte, tentando imaginar o que este esconde. Mais uma vez, saio do meu corpo e é mais forte do que eu...
Já flutuo para fora daqui, para fora de mim, pronta para me perder outra vez. Só tenho medo de ir longe demais, de me perder no labirinto dos meus sonhos e de depois não saber o caminho de regresso a casa.

De súbito, ouço passos. A princípio distantes, depois cada vez mais perto... E alguém chama por mim. Volto a olhar em volta, mas desta vez observo as paredes que me rodeiam cobertas de fotografias de amigos e família. A porta do meu quarto é aberta pela minha mãe que me chama com um sorriso.
E, finalmente, chego a casa e apercebo-me de que, enquanto estiver rodeada daqueles que amo e que me amam também, nunca me perderei, porque eles saberão sempre fazer-me encontrar o meu caminho de volta a casa.

Sofia N.