Copinhos

Hoje, juntei no nosso copo (sim, aquele de plástico, ao fundo da sala, em cima da mezinha) os teus pensamentos e os meus, logo pela manhã.
Deixei-os ali, enquanto fui para a escola.
Ferveram, durante um certo tempo. Escorreu uma pinguinha, até. Só reparei porque a carpete estava com uma cor esquisita.
Depois, fomos aos matraquilhos. E o copo cada vez bandeava mais.
Trocamos beijos e salivas, trocamos carinhos, felicidades, pensamentos e opiniões. E retratámos aquele momento de modo a que, um dia, quando crescermos, nos possamos lembrar da extrema felicidade sentida.

Cheguei a casa há pouco. Ainda sinto o teu cheiro em mim.
Fui direitinha ao copinho de plástico, que não parava de bandear.
Depois, começou a música. Uma música levinha, uma música típica nossa, que foi aumentando de volume à medida que eu ia musturando lá dentro os pensamentos daquele dia.
Os teus, vinham ainda guardados nos meus lábios. Os meus estavam escondidos na algibeira, algures.
Espalhei-os em cima da cama e fui tecendo uma teia. Teci durante cinco minutos, até que dei conta que não haviam mais pensamentos. No entanto, ainda havia tanto por dizer.
De modo que, no dia seguinte, quando acordei, reparei que o copinho estava cheio outra vez.
De pensamentos? Não.
Continha um vale de compras para eu poder comprar um copo maior.

<3