quinta-feira, 12 de junho de 2008

A garrafa

Construo castelos de gelo
Que pingam, sem vacilar
A água escorre, a alma é limpa
Ficando o coração por encerar.

Desmancho-me em favores
Prazeres, vontades de nada
Prendo-me numa garrafa
De modo a nunca ser encontrada.

Garrafa de vidro cristal
Que acarreta todos os meus amores.
Não há tempo, não há corpo
Há uma réstia de dissabores.

O egoísmo seduz-me
E para aí sou arrastada.
Percorro caminhos de terra
A minha alma é de mim, dissociada.

No mundo (im)perfeito em que vivo
Onde os nossos caminhos se cruzarão
Levo sempre uma garrafa no bolso
Para, deles, esconder o meu coração.

E a história repete-se
Sem sequer pensar.
Porque a vida é uma roda quadrada
Porque, à vida, é mais fácil olhar.

Entra para dentro de mim
E suga-me todos os sentimentos
Não quero sentir mais
Nem sequer, contentamentos.

A minha garrafa chega-me
Como lar isolado.
Desapareço dentro dela
Desencontro-me do passado.

Há muito que a partiste
Há muito que não sou encontrada
Por isso, agora escrevo
Sem sequer sentir nada.

Satisfizeram-me os desejos
Ó grandes Deuses leais
Obrigada por me despirem
De sentimentos banais.

3 maneiras de ver a coisa:

Anónimo disse...

Uma poeta... como sempre!
Cada vez gosto mais dos teus poemas! Muito bem!

Cristiana Fonseca disse...

Lindo poema, que gracioso blog.
Obrigada pela visita e pelas singelas palavras, volte sempre e seja bem vida.
Beijos,
Cris

Anónimo disse...

Adorei este poema! Lindo, como sempre!