segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Ainda oiço burburinho

Quando saí de casa, ainda dormias, agarrada à tua almofada.
Beijei-te os lábios carnudos e o teu cheiro deixou-me bêbada.
Aconcheguei-te o lençol e mandei que, atrás de mim, a porta se fechasse.
A nossa vida não passava de um sorriso consolado de prazes inesperados, burburinhos gritados e antíteses que se completavam.
Eu era tu, tu eras o meu coração, partido pelo tempo, que há muito passara por mim.
Envelhecêramos, e nem nos démos conta. Nem nos damos conta.
Já tenho 30 anos, tu tens mais uns quantos. No entanto, ainda se ouve um burburinho da nossa jovialidade corporal.
Se me pedissem para te descrever o quanto gosto de ti, diria às pessoas para procurarem a perfeição.
Se me pedisses para te descrever o quanto gosto de ti, sairia de casa sem fazer barulho, ordenando à porta que se fechasse atrás de mim. Não sem antes aconchegar o lençol ao teu corpo banido da terra, por ser tão perfeito.

Se, algum dia, ouvisses o burburinho que vem de dentro do meu coração...


[Amo-te]

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