sexta-feira, 7 de março de 2008

Aqueles Dias

Aqueles eram os dias
Simplesmente os dias
Em que a chuva sabia cair
O vento sabia dançar
E com o Sol
O eterno Sol
Passeavam meus passos
Deixando pegadas na vida

Eram pois os dias
Assim em si sabidos
De si para si vividos
Dias em que ninguém
Fosse quem fosse ninguém
Esquecia a cor das coisas
Ou desviava o olhar
Da alma e da solidão

Por isso te vi partir
Sem sequer me despedir
Porque num repente perdi
Em momento que já não senti
O sentido dos dias
Daqueles dias
Em que a chuva sabia cair
E havia vento e Sol


palavras perdidas

Palavras esquecidas
Não vividas nem divididas
Somente nunca tidas
Rebentando como feridas
Indo-se sem ser lidas
Em frases delas despidas
E tanto e tão queridas
Ficaram palavras esquecidas

Vi pois que gritaste
Em janela de teu lugar
Grito rouco indignado
Em gestos de mão dormente
Quieto e mudo marchaste
Traído em teu olhar
Perdido mais um bocado
Do sitio onde eras gente

Palavras pois, palavras
Juntas em letras de acaso
Fujam de bocas fechadas
Conspirem em penas vivas
Tristes perdidas palavras
De tanta morte por atraso
De vontades ignoradas
Da vida de que nos privas

E de ca**ão de fingimento
Em m**** de assentimento
F***-se, passou o momento
Em vulgaridades rebento
Repetido arrependimento
De escolhido esquecimento
Em avalanches de vidas
Sem vontades permitidas

João Pais

1 maneiras de ver a coisa:

Anónimo disse...

Bonito poema!