domingo, 9 de novembro de 2008

Caneta, cobra ou relações de plástico?

As nossas canetas nunca escreveram no mesmo papel. A tua, escrevia no papel do amor. A minha, num plano totalmente diferente. Não que fosse melhor ou pior era, simplesmente, bem diferente.
A tua caneta era sempre enchida pela tua paciência. Muitas vezes, não fizeste o que estava certo. És egoísta, querias-me só para ti. Não me querias partilhar, e não partilhaste. (À excepção do primeiro dia, em que jantaste, com agrado(suponho), connosco).
A minha caneta foi vazando, vazando, vazando. Há cerca de dois ou três anos, fez um borrãozinho e eu vacilei. Disse que não queria mais nada, cá para mim. A coisa tinha acabado. Mas não tive coragem para te dizer o que sentia, era de mais. Era pesado, duro, difícil e insensato.
E a tua caneta começou a riscar por cima da minha, com uma força que eu nunca vira. Eu bem que tentava virar a página, mas tu riscavas sempre por cima. Tornei-me mimada, por força das circunstâncias. Tornei-me mentirosa, falsa e egoísta. Tornei-me desinteressada por ti, de tanta força que fazias por cima dos meus riscos desenhados à deriva. As mãos esfriavam-se e eu sentia-me sempre infeliz quando falava contigo. Elas sempre me disseram que, desde que as tinha conhecido, sempre tinha dito que não gostava de estar contigo. E era verdade. Mas elas nunca foram as minhas reais confidentes. Nem a minha própria mãe. Não me abria, porque não queria, não conseguia. Era demasiado difícil. Era o meu segredo, que mal cabia no meu coração.

Depois, ganhei coragem, tomei a decisão mais complicada da minha vida. Nunca tinha agido com tanta dificuldade, mas a tinta da caneta estava a acabar. Desaparecera, rapidamente. E eu sentia-te tão cheio de tinta! Passavam-me pela cabeça uns mails que lera, uma conversas que tinha ouvido e umas atitudes que tinhas tomado no passado e que me afectavam agora (nunca aí fui, porque foi ela que me deixou, ela tirou-te de mim etc, etc...). Na altura crucial da minha vida não estavas lá.
Como queres reatar o passado se ele nunca existiu? Como queres que tudo apareça? Como queres que eu fique feliz quando te vejo, se fazia batota enquanto brincávamos? Como queres tudo assim?
Escorreguei no grande borrão, a tinta acabou e a tua caneta ficou cheia. Mas nem esperaste que a minha voltasse a encher. Desapareceste.
Supostamente, já esperaste tempo suficiente, não foi?
Pois foi, tens razão. Eu também esperei muito tempo que cá pusesses os pés. Esperei até aos meus 10 anos. Não apareceste, nunca. E pronto. A tinta acabou e eu envenenei-me. Agora sou uma cobra má e venenosa. Que já nem consegue chamar de seu àquilo que antes foi parte de si.
Acabou de chover.
E perante este mau momento, ainda não consegui chorar.

[Confesso que há coisas difíceis de entender]

2 maneiras de ver a coisa:

Anónimo disse...

Gosto bastante das tuas metáforas. Mas perante todas as adversidades que passes na vida, nunca te tornes fria, mas sim forte.
Porque todas as experiências (boas e más) contribuem para a nossa pessoa e para o nosso amadurecimento.

Anónimo disse...

A minha caneta tem uma opiniao diferente da tua pk arranjei uma forma de a minha caneta ser "recarregável" e assim ela nunca vaza, embora deixe passar em branco muitas páginas riscadas,que eu nem com corrector as consigo remediar, mas como ja disse anteriormente as nossas canetas sao diferentes e a tua tem medo de virar páginas e que estas se risquem novamente,mas com razoes fortes, suspeito eu, para tal comportamento, como por exemplo o medo de ter numa página demasiados erros ortográficos que nunca teem fim e que apesar de serem muito feios deixam marcas que demoram demasiado tempo ou uma eternidade a serem admitidos pelo autor!!
Mas digo te uma coisa a função da caneta dele pode ser riscar as páginas dos outro, mas tbm sei k a função da tua caneta nam e riscar as páginas dos outros!!!.